8ª Série
terça-feira, 19 de junho de 2012
Ela subiu sem pressa a tortuosa ladeira. À medida que avançava, as casas iam rareando, modestas casas espalhadas sem simetria e ilhadas em terrenos baldios. No meio da rua sem calçamento, coberta aqui e ali por um mato rasteiro, algumas crianças brincavam de roda. A débil cantiga infantil era a única nota viva na quietude da tarde.
quarta-feira, 13 de junho de 2012
LICANTROPIA
Em um dia de
sol, Pedro, sua mulher e seu filho foram acampar em um terreno baldio enorme:
¾
Nossa, pai, aqui é muito quieto!
¾
Então filho! Curta esta natureza! Os grilos, as
corujas...
¾
Tudo isso é muito... muito...
¾
Amedrontador?
¾
Não! Eu não estou com medo! Se você duvidar, eu
até...
¾
Você até vai buscar lenha na floresta comigo?
¾
Não... hã... É, pode ser. Pai, avisa a mãe!
¾
Amor? Querido?
¾
Sim?
¾
Lucas e eu vamos até a floresta pegar lenha para
a fogueira.
¾
Tudo bem, mas não demorem.
¾
Está bem!
Lucas sai na frente, todo empolgado para ir à
floresta:
¾
Vamos pai, corre!
¾
Já vou, já vou...
¾
Pai, o que foi isso? – No meio da caminhada eles
ouvem um uivo muito alto. – Foi um cachorro, né?
¾
Não filho. Eu acho que são lobos. Fique atrás de
mim. – Lucas foi andando devagar, até parar. – Vamos filho!
¾
Não consigo! Estou parado involuntariamente! –
Ele havia se paralisado de medo.
¾
Está bem, filho! Deixe que eu tomo conta deles!
Vamos, venham! – Pedro puxou uma faca da bainha que estava em sua perna.
¾
O que é isso pai?!
¾
Filho, não sei, só sei que não são lobos! – De
repente, Pedro se vê frente a frente com uma criatura de dois metros e meio de
altura. – Vamos grandão, me enfrente então!
¾
Cuidado pai! – O lobisomem corre em direção à
Pedro, mas ele se esquiva. Então vê Lucas cara a cara com a fera.
¾
Não! – Ele decide então jogar a faca no
homem-lobo; então, de repente, ele se vira para Pedro e solta um último uivo.
¾
Aí, pai!
¾
Foi demais, eu sei.
¾
Não, tem outro atrás de você! – Pedro, mesmo de
costas, vê sua sombra no chão e decide, vagarosamente, pegar uma tora que havia
no chão.
Lucas sussura:
¾
Pai, quando eu falar, você bate nele!
¾
Tudo bem, filho! – O enorme homem-lobo vem
correndo até Pedro – Daí filho?
¾
Não, não, não... AGORA!!! – Pedro acerta em
cheio na cabeça. – Pai, ele está morto?
¾
Não filho, mas ainda dá tempo de irmos para
casa.
O celular de Pedro toca. Era sua mulher.
¾
Ah, oi amor.
¾
Tá, e daí? Vão demorar?
¾
Não, já estamos indo.
¾
Tá bom, mas vem logo, hein?
¾
Ok, já estam... ai!!!
¾
O que foi?
¾
Nada, me arranhei em um galho, tchau! – Ele não
havia se arranhado em galho algum, mas sim, nas garras do monstro quando ele
foi retirar o lobisomem morto do caminho. O bicho teve um espasmo muscular
pós-morte, arranhando, assim, a perna de Pedro.
¾
Pai, e agora? Você se machucou!
¾
Deixa filho, nós cuidamos disto em casa.
Após chegar em casa, ele decide lavar a perna e
planeja fazer um bilhete.
¾
E agora? Terei de deixá-los! Vou escrever o
bilhete logo após pegarem no sono.
No dia seguinte, Lucas vê um papel na mesa da sala,
que dizia:
Caros
Familiares:
“Devido a um incidente ontem à noite, terei
de deixá-los, pois a partir de hoje, ofereço risco a vocês, pois me tornei um
deles” - Pedro
|
Raul Batista Bock
8ª Série
quinta-feira, 24 de maio de 2012
Dragon Hunter
Skjor era de
um mundo que para nós parece estranho, mas existe mesmo. Ele é um planeta de
outra galáxia chamado Skyrim. Lá existem ogros, trolls, gigantes, animais
híbridos, nórdicos, elfos, mamutes, dragões, etc.
Skjor já morreu, e foi em combate. Um dragão de gelo atacou Whiterun,
um pequeno vilarejo, que casualmente, era onde Skjor morava. O vilarejo era
rodeado por montanhas, mas nada que impedisse o dragão de atacá-los. Ele era um
dragão macho, um dos lideres da região.
Por sorte do pessoal do vilarejo, eles tinham magos de batalha muito
bem equipados, um deles era Skjor, um veterano caçador de dragões. Ele já
sobreviveu a várias batalhas contra dragões e gigantes, mas nunca ele havia
enfrentado um dragão de gelo. Essa foi a sua primeira e última vez. O que os
guardas de Whiterun, Skjor e os Templários (grupo de guerreiros do vilarejo)
não sabiam era que era uma nova batalha por disputa de território.
Eram gigantes, arqueiros, o dragão, trolls, e Aela, que neste momento
se revela como a traidora dos Templários. Skjor ficou chocado:
− Aela? Por quê?
− Eu não agüentava mais aquela coisa de só ser mandada, e mandada!
− Mas eu deixava você fazer o que quisesse! Não entendo o porquê!
− Agora já errei, já está feito...
− Nós seremos obrigados a atacar você! Mas não queremos... Arqueiros!
− Se é assim, ATACAR!
Quem começou a matança foram os trolls e os gigantes, mas os arqueiros
tomaram conta desse problema. Agora eles deviam tomar conta dos arqueiros
inimigos.
Skjor foi para a torre mais alta e começou a atacar Aela com seu arco,
mas ela resistiu bravamente em cima de seu dragão, e ainda revidou tentando
congelar Skjor.
O bravo vilarejo de Whiterun estava resistindo bravamente ao ataque
surpresa, até que sobrou somente o dragão de gelo. Skjor e seus únicos três
arqueiros restantes estavam atacando intensamente o dragão que dava rasantes
muito ameaçadores. Até que um último rasante quase decepou sua cabeça, mas
graças aos arqueiros, quando Aela iria dar outro rasante, o dragão foi morto,
mas infelizmente, em sua queda, Skjor acabou ficando em baixo dele, sendo
sufocado até morrer.
O povoado valente agradeceu a ele e ao mesmo tempo quando choravam de
alegria por terem resistido, choravam de tristeza por causa de seu maior herói
falecido em campo de batalha.
Morreu como um verdadeiro e histórico herói, tanto que fizeram uma
estátua em sua homenagem.
Sua família ficou sem base alguma. Pelo menos, ele havia deixado um
único herdeiro de sua valentia, Mahrkov. Uma nova história iria se fazer
concreta...
(Estória baseada no jogo "The Elder Scrolls V - Skyrim")
terça-feira, 8 de maio de 2012
O Homem cuja orelha cresceu
Estava escrevendo, sentiu a orelha pesada.
Pensou que fosse cansaço, eram 11 da noite, estava fazendo hora extra.
Escriturário de uma firma de tecidos, solteiro, 35 anos, ganhava pouco, reorçava
com extras. Mas o peso foi aumentando e ele percebeu que as orelhas cresciam.
Apavorado, passou a mão. Deviam ter uns dez centímetros. Eram moles, como de
cachorros. Correu ao banheiro. As orelhas estavam na altura do ombro e continuavam
crescendo. Ficou só olhando. Elas cresciam, chegavam à cintura. Finas,
compridas, como fitas de carne, enrugadas. Procurou uma tesoura, ia cortar a
orelha, não importava que doesse. Mas não encontrou, as gavetas das moças
estavam fechadas. O armário de material também. O melhor era correr para a
pensão, se fechar antes que não pudesse mais andar na rua. Se tivesse um amigo,
ou namorado, iria mostrar o que estava acontecendo. Mas o escriturário não
conhecia ninguém a não ser os colegas de escritório. Colegas, não amigos. Ele
abriu a camisa, enfiou as orelhas para dentro. Enrolou uma toalha na cabeça,
como se estivesse machucado.
Quando chegou na pensão, a orelha saia pela
perna da calça. O escriturário tirou a roupa. Deitou-se, louco para dormir e
esquecer. E se fosse ao médico? Um otorrinolaringologista. A esta hora da
noite? Olhava o forro branco. Incapaz de pensar, dormiu de desespero.
Ao acordar sentiu que sua orelha estava
mais leve, com medo de chegar na frente do espelho e perceber que era apenas ilusão,
levou as mãos devagar até a orelha.
Ao encostar
notou que elas estavam pequeninas novamente, mas o que aconteceu na noite
passada?
Essa pergunta
não saía mais de sua cabeça. E se acontecesse novamente, o que iria fazer pra
evitar?!
Seguiu para o
seu trabalho, sempre com as mãos na orelha, desconfiado de que qualquer momento
elas cresceriam absurdamente rápido.
O dia passou e
ele continuou sempre com as mãos na orelha para ver se tudo estava do seu
devido tamanho. Chegou a noite, todos foram embora e ele ficou fazendo sua
habitual hora extra.
Concentrado
como nunca, sentiu novamente o peso na orelha e quando foi ao banheiro, notou
que novamente elas estavam crescendo. Notou que isso só acontecia à noite, mas
por quê?!
Ao passar os
dias, assustado com todos os últimos acontecimentos, ele procurou um médico e
fez diversos exames para saber o que estava acontecendo.
O médico
chegou a conclusão que os remédios faixa-preta, que ele estava tomando no final
do dia, estavam deixando-o com alucinações fortes. Trocando os remédios e
mantendo-se de repouso alguns dias o deixou muito mais calmo, tranquilo, não
precisando mais tomar remédios fortes, assim não levou mais sustos com sua
“enorme orelha”
Os melhores contos de Ignácio de Loyola Brandão
Adaptação: Michelle S. da Silveira
Quase Vi o Pôr-do-Sol
Ricardo espera Raquel para uma visita.
Ela é uma mulher bem arrumada, rica, já ele é pobre e desleixado.
Ela é uma mulher bem arrumada, rica, já ele é pobre e desleixado.
Ela chega logo e diz:
-Oi, quanto tempo!
Ricado quer mostrar a ela um local especial.
-Vamos, eu sei um lugar perfeito e ainda por cima é super romântico!
-Onde é?
Os dois vão caminhando em direção ao cemitério e Raquel diz:
-Nossa, que cemitério gigante!
-Ele está abandonado há tempos!
-Percebe-se.
-Você me lembra a minha prima? Você tem olhos verdes iguais aos dela! Ah que saudade da minha priminha!
-Ela já morreu?
-Aos 15 anos de idade. Minha mãe também já morreu.
-Sinto muito!
Eles atravessam o enorme cemitério até o final.
Bom, Raquel, é aqui onde minha mãe e minha priminha foram enterradas.
Eles entram na capela, e Raquel reclama do frio, e diz que não gosta de cemitérios.
-É lá em baixo-diz o Ricardo.
Era uma escada caracol, tomada por teias de aranha.
-Não gosto daqui! Ricardo, vamos voltar.
-Calma, olhe ali, é a gaveta da minha prima.
Raquel começa a ler em voz alta.
-Maria Camila, nascida em 20 de maio de 1800, falecida em...-Silêncio eterno.
Raquel diz:
-MENTIROSO!
Não tinha ninguém na sala.
-Tchau, RA-QUEL.
-Como assim? Quero sair.
-Você gostou dessa brincadeira?
-Não!
-Fui.
-Ricardo, você é doente!
Raquel permaneceu presa, acabou falecendo. Passaram quatorze anos.
Ricardo, que já havia se esquecido de Raquel, estava em casa quando uma moça chegou lá e disse.
Ricardo, que já havia se esquecido de Raquel, estava em casa quando uma moça chegou lá e disse.
-Oi, quer passear?
-Claro!
Os dois saíram e ela escolheu levá-lo numa floresta para ver o pôr-do-sol. Ele aceitou.
-Vamos, mais rápido!
A moça lembrava a mãe de Raquel.
-Você é familiar!
-Que legal!
Logo a moça olhou para frente e viu uma senhora, que a conheceu.
-Oi.
_Oi.
Silêncio.
A moça foi voltando pra casa e o deixou com a velha.
-Como é o seu nome, senhora ?
A velha ficou em silêncio. Só puxou Ricardo pra fora da floresta e o levou para o cemitério. Chegaram no mesmo lugar onde Raquel havia morrido, ele disse:
-Pra que vir aqui? Hein?
-Venha, só quero te mostrar uma coisa.
- O quê?
-Um pôr-do-sol que eu não vejo há quatorze anos.
-Nossa por que tanto tempo?
-Porque faz quatorze anos que você me matou- disse a velha trancando-os lá dentro.
-Não! Você não pode ser a Ra....
-Sim! Eu posso e eu sou!
-Não- diz ele chorando.
E lá fora, crianças ao longe brincavam de roda.
Conto de Lygia Fagundes Telles - "Venha Ver o Pôr-do-Sol"
Adaptado por Thayná Dias Johann
segunda-feira, 7 de maio de 2012
A
vida de um homem normal
Uma noite, voltando de metro para
casa, como fazia cinco vezes por semana, onze meses por ano ele ouviu uma voz.
Estava exausto, com o nó da gravata solto no pescoço o colarinho desabotoado, a
cabeça jogada para trás o walkman a todo o volume e os fones enterrados nos
ouvidos. De repente antes mesmo de poder perceber a interrupção, a música que
vinha ouvindo cessou sem explicações e, ao cabo de um breve silêncio, no lugar
dela surgiu uma voz que não sabia nem como nem de quem nem de onde.
E
essa voz dizia:
-Quando
você vai perceber que eu não estou aqui só para servir como um ‘enfeite’ de parede?
Ao
ouvir isso ele abriu os olhos rapidamente e viu passar na frente dele uma
menina usando muletas, parafusos na perna e um sorriso no rosto, como aquilo
fazia sentido? Ele se lembrou então de quando era pequeno e quebrou o braço, da
dor, do médico, do gesso, das assinaturas, pensou no quanto fez a diferença a
sua mãe que na época estava em depressão, por conta da separação, ter arranjado
forças que ele não sabia de onde para o ajudar.
Nesse
instante, veio-lhe à mente a filha, que naquele mês não vinha ganhando muita
atenção do pai por conta do trabalho, mas que aparecia para dar um abraço
exatamente na hora certa.
Lembrou-se de quando se salvou de pegar o voo em que o
avião, minutos depois da decolagem, caiu sem sobreviventes. Nesse instante
abriu um sorriso bem grande, não conseguiu, por mais que quisesse segurar.
Conto de Bernardo Carvalho.In:Contos
Adaptação: Thaís
Bauer Gomes
O
Faxineiro
Ele se encontrava sobre a estreita
da marquise do 18º andar. Tinha pulado ali a fim de limpar pelo lado externo as
vidraças das salas vazias do conjunto 1801\5, a serem ocupadas em breve por uma
firma de engenharia. Ele era o empregado recém contratado da
Panamericana-Serviços gerais, o ato de haver se sentado a beira da marquise com
as pernas balançando, se devia simplesmente a uma pausa para fumar a metade de
cigarro que trouxera no bolso. Ele não queria desperdiçar este prazer
misturando-o com o trabalho.
Quando viu o ajuntamento de pessoas lá
em baixo, apontando mais ou menos em sua direção, não lhe passou pela cabeça
que realmente pudesse ser ele o centro das atenções.
Continuou a então a fumar sem preocupação nenhuma, até que
avistou em meio a multidão seu suposto chefe. Ele então desamarrou os elementos
de segurança. E pensou consigo: ‘O que será que aquele monte de “formigas
cigarras” faziam ali? Por que ao invés de ficarem ali apontando para ele não
faziam outra coisa? ’ E continuou lavando a janela, quase oprimido.
As formigas estavam preparadas para que acontecesse o pior a
seu respeito. Estava se sentindo um doce que não podia se desprender.
Amarrou os elementos de segurança, já não tão mais seguros.
O chefe o observava atento, ele suava frio, ‘mas não deveria estar contente?’
dizia a ele o seu reflexo na janela e penetrava fazendo arder seus olhos azuis,
ultra sensíveis.
As
formigas já haviam sumido, agora se transformaram em seres rastejantes, o medo
de cair correu em suas veias fazendo-o ficar com as emoções a flor da pele.
Segundos
interiores, ou não se passaram, ele se desprendeu aliviado e pulou janela
adentro o que o fez rasgar um pedaço da calça. Chegou a formiga mestre e só
então descobriu o porquê do formigueiro, se despediu e nunca mais voltou.
Texto de Sérgio Santana.In:ItaloMoriconi
Adaptação: Thaís
Bauer Gomes
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